Coletivo de mulheres. Encontros e encantos.

Coluna Ancestral 15/09/2024 23:20

 Sábado, 14 de setembro de 2024 seria apenas mais dia não fosse o calor intenso, queimadas, umidade baixa e um densa névoa de fumaça a contaminar o ar. Mesmo diante de tantos desafios as Poetas: Gilda Portella, Lindalva Alves e Janete Manacá se fizeram presentes no Sarau marcado para às 18h com as notáveis Mulheres do Coletivo Essência, do bairro Estrela D’alva, em Várzea Grande-MT. A presidente do Coletivo Evanilda Maria R. dos Santos, a quem todos chamam carinhosamente de Tina, recebe quem ali chega com um cativante sorriso e assim ela coordena os encontros e nos encanta. 

Uma casa, quintal de chão batido ao lado de um frondoso pé de manga, mulheres lindas, corajosas e irreverente, com seus olhares enigmáticos nos aguardavam. Traziam em si histórias do cotidiano, indignações, protestos, esperança e o amor pela arte da palavra. A narrativa de Silviane Ramos presidente do Coletivo Herdeiras do Quariterê reverbera: " é um  encontro de mulheres árvores que forma a floresta onde tudo dá ! Acolhida, colo, esperança , inspiração ! Esse encontro só reafirma o legado de Tereza de Benguela que é viver em coletivo!!! Salve Salve a força dessas mulheres árvores que juntas se faz-me florestas em tempos de muita fumaça. Respiro!"  

Foram recebidas sobre um tapete verde que simboliza a ciência, a cura, a verdade e cantos de celebração. Ao adentrarem a roda, seus sagrados corpos recebiam pétalas de rosas vermelhas e uma “varinha mágica” com estrela de seis pontas para comemorar a criança interior que as habita e por fim, uma aliança dourada para reafirmar o compromisso de amor consigo mesmas.

É sempre assim. Onde tem poesia tem expressões, desejos, olhos brilhando e a intensa vontade de fazer reverberar o seu dia a dia identificado nas vozes poéticas dos livros expostos na mandala literária do centro da roda. O encontro traz a possibilidade de ser mais no mundo quando inseridas num coletivo.

“Fico feliz em ver as mulheres se redescobrindo, percebendo que o cotidiano delas pode virar poesia. Vi no olhar delas que todas gostaram e se identificaram. Elas viram que as poesias são e estão nos seus cotidianos.” Expressão dos sentimentos de Tina, presidente do Coletivo Essência de Mulheres, conclui com uma frase de Olga Benario: “O espaço somos nós que construímos juntas. E ele está aberto para todas as mulheres que lutam pelo justo, pelo belo e pelo melhor do mundo”.

 A poesia além do seu potencial curativo é também um instrumento que permite expor a palavra engasgada na garganta, o grito de indignação que rasga o corpo em aflição, a sua dor e a dor das suas irmãs. Na roda todas têm visibilidade, falam, ouvem, acolhem e são acolhidas. É entre afetos que são encorajadas a exporem seus traumas e pedirem ajuda.

Janete Manacá ouvindo participantes, encanta-se com a diversidade de poesias ali fluentes. Emocionada identifica-se com: “Maria Dimas, com dificuldades visuais fotografou a poesia, e pela tela do celular leu, auxiliada por uma lupa que transporta em sua bolsa”. A poetisa deixa uma dica necessária para os escritores e as editoras:  “quando forem publicar os seus livros, aumentar um pouco o tamanho da letra vai facilitar e muito a vida dos leitores, afinal leitura não combina com sacrifício, mas sim, com prazer”.

Para Lindalva Alves, “foi uma roda linda e acolhedora, senti que estávamos conectadas tanto pelo que nos afeta (situação climática) quanto no momento de poesia, que permitiu que todas nós pudéssemos vivenciar a leveza da arte”.

Saíamos de lá com o compromisso de voltarmos no próximo mês com oficina de escrita, para que todas possam escrever suas experiências, e assim o Coletivo Essência de Mulheres produzirá um fanzine utilizando o papel artesanal que recém aprenderam a fazer. Gilda Portella outra integrante do Coletivo Herdeiras do Quariterê destaca: “assim são os encontros com as mulheres, são potentes, multiplicadores de ações e sonhos. Saio desse sarau leve, renovada com a certeza que no coletivo somos mais fortes”. Continua a campanha de arrecadação de livros novos e usados de escritores negros (as) com temáticas étnico-racial para compor a biblioteca do Coletivo Herdeiras do Quariterê em Vila Bela da Santíssima Trindade. Interessamos em colaborar em esse projeto entrar em contato pelo email: [email protected] ou [email protected]


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