Há vários modos, caminhos de se (re)encontra, de reverenciar a energia da Orixá Yansã: podemos fazer orações, entoar canções, acender velas, fazer pontos riscados e é possível saudá-la e reconecta-la através das cores, das fitas, das flores amarelas e ou vermelhas, por intermédio dos aromas e da degustação frutas e bebidas que representam a energia vibratória dessa potente Orixá. Ainda é possível também senti-la através em seus pontos de força, nas pedreiras, nos caminhos ou por intermédios dos seus elementos simbólicos: espada de Yansã, raios e ou chifres dos búfalos ou por meio das borboletas. Há inúmeros modos, meios e possibilidades de se reconectar com Yansã, que cada pessoa escolha o que melhor se adequa a seus gostos, realidades e possibilidades. O convite aqui é cada um se permita, ser e sentir-se deuses co-criadores, a usufruir da comunhão dessas vibrações que estão durante todo o tempo a nosso dispor e ao nosso redor. Ousem experiênciar novas oportunidades e dimensões.
Yansã
Yansã rege os raios e trovões. É a expressão da força da natureza que traz em si uma força imensa, mas que deve ser bem empregada para não causar destruição por onde passar.
Ela é a guardiã de um dos Mistérios de Deus e anula as injustiças, diluindo os acúmulos emocionais. Por ser uma divindade Cósmica, tem como atribuição atrai magneticamente os espíritos negativos, recolhe-los em seus domínios e retê-los, até que esgotem seus negativismos, para só devolvê-los às faixas neutras, de onde serão redirecionados para a luz ou para a reencarnação.
A nossa amada mãe Yansã atua em todos os campos, na ordenação, aplicando a Lei em um campo mais amplos, pois envolve todos os sentidos que direcionam os seres em evolução, conduzindo uns para o sentido dá Fé, outros para o da Justiça, da Geração, entre outros, Yansã é destreza.
O fato é que ela aplica a Lei nos campos da Justiça Divina e transforma os seres desequilibrados com suas irradiações espiralas, que o fazem girar até que tenham descarregados seus emocionais desvirtuados e suas consciências desordenadas.
Yansã em seu primeiro elemento é ar, formando com Ogum um par energético, no qual ele rege o polo positivo e é passivo, pois suas irradiações magnéticas são retas. Yansã é negativa e ativa, e suas irradiações magnéticas são circulares ou espiraladas. Observem que Yansã se irradia de formas diferentes: é cósmica (ativa) e, é o orixá que ocupa o polo negativo da linha elemental pura do ar, onde polariza com Ogum. Já em seu segundo elemento, ela polariza com Xangô, e atua como o polo ativo da linha da Justiça, que é uma das sete irradiações divinas.
Yansã ou Oyá é a orixá responsável pelos fenômenos climáticos. Yansã é a força dos ventos, o poder da natureza, a rainha do entardecer, a dona dos raios e trovões; ela que faz as tempestades. Representa a garra, a independência e a força feminina.
Marizeth Peixoto, servidora pública estadual, desde o ventre da sua mãe esteve em comunhão ancestral com forças religiosas, já foi candomblecista, e atualmente, identifica-se com a umbanda e atua no Centro Espírita Nossa Senhora do Carmo (CENSC) menciona: “Sinto-me profundamente honrada e emocionada pela oportunidade de compartilhar a grandeza de Iansã, uma Orixá guerreira que, com sua força e sabedoria, transforma a vida daqueles que a invocam. Yansã é, sem dúvida, uma das entidades mais poderosas e inspiradoras dentro do panteão africano. A Yansã personifica uma energia incomparável: ela governa os ventos, as tempestades, os raios e o fogo. Seu metal é o cobre e sua presença se manifesta em toda a força da natureza. Ela tem o poder de afastar os espíritos negativos, conhecidos como eguns, e de criar um espaço sagrado onde as adversidades são dissipadas. Sua magia é capaz de anular feitiçarias e influências negativas de qualquer ordem, restaurando o equilíbrio e a proteção”.
Marizete médium do CENSC segue em seu relato ressaltando: “Apesar de toda a sua potência, Yansã é também uma mãe amorosa e acolhedora. Ela cuida dos seus filhos com imenso carinho, oferecendo orientação e coragem, ajudando-os a se levantarem diante das dificuldades cotidianas. Sua força nos encoraja a seguir em frente e a tomar decisões com firmeza, enquanto nos ensina a encontrar nosso verdadeiro ser e a nossa própria potência. A independência e a determinação de Iansã sempre foram fontes de inspiração para mim. Em momentos de aflição, sempre senti a proteção de Yansã, que me guiou e me fortaleceu. Sua energia vibrante e acolhedora foi o farol que iluminou meus caminhos nos tempos mais difíceis, ensinando-me a não temer os ventos da vida, mas a usá-los como impulso para minha transformação. Eparrey, Oyá!!”
Já para Guilianna Altimari, mãe de santo e fundadora do Centro Espírita São Francisco de Assis e Santa Sara Kali, destaca suas experiências com a Orixá Yansã na realização dos seus trabalhos umbandistas: “Yansã é raio, trovão, vento e tempestade. Orixá feminino de força suprema recolhe os espíritos obsessores, limpando a atuação das más energias. Mulher destemida que mostra seu poder de guerrear sem pensar nas consequências esse é o ‘perigo’. Yansã liberta as mulheres dos abusos (físicos, emocionais e espirituais) mostrando que o feminino tem força e tem poder. Toda filha de Yansã tem personalidade forte muito similar ao Orixá, geralmente são inquietas, determinadas, justas e tem o poder de reerguer as pessoas que se encontram desanimadas e depressivas. Nunca desistem e sempre estão dispostas a enfrentar grandes desafios. Yansã é o búfalo e a borboleta ao mesmo tempo que são fortes e guerreiras; são sutis e quando amam são fenomenais, mas cobram muito o tempo todo. Trabalhar com a energia de Yansã é magnífico ela traz foco, determinação e energia para gira. Quem nunca se emocionou ao ouvir Eparrey. Yansã Orixá, regente de 2025 juntamente com Xangô podemos esperar um ano de justiça, limpezas, muita força e claro alguma confusão, pois Yansã não dá mole não! Yansã para algumas casas é cultuada na cor vermelha em outras amarela e até no laranja, isso muitas vezes confunde quem é novo na religião”.
Altimari reafirma o porquê da sua identificação com essa potente Orixá feminina que tanto tem ensinado sobre as outras possibilidades de ser umbandista: “ no terreiro quando abrimos a gira sempre invocamos a energia de Yansã para limpar a casa e trazer energia positivas para gira, para médiuns, trabalhadores e demais frequentadores, é incrível como a energia de Yansã contagia a todos na casa, elevando a vibração trazendo ânimo, disposição e alegria. EPARREI minha mãe.”
Elementos segundo o Livro Rituais na Umbanda: velas e símbolos[1]
- Sincretismos: Santa Barbara;
- Fator: movimento e direcionador;
- Vela: amarelo e vermelho;
- Flores: rosas vermelhas e amarelas, tulipas, palmas amarelas e vermelhas;
- Frutas: abacaxi, manga-rosa, romã, pitanga, maçã vermelha, cereja, mamão, melão, morango, pêssego, caju, melancia, banana-ouro, banana-nanica, cenoura com mel, jambo, tangerina, laranja-baia (laranja-de-umbigo), limão, uva-rosa;
- Bebida: licor de anis e menta, licor de cereja, vinho rose, champanhe branco, água da chuva;
- Pedra: citrino, cristal;
- Dia da semana e data comemorativa: terça-feira e 04 de dezembro;
- Saudação: “Eparrey Iansã”!
- Chacra: laríngeo;
- Ponto de força: as pedreiras e os caminhos;
- Símbolos: espada, raio, cálice, chifres de búfalo;
- Polaridade: Ogum;
- Irradiação: Lei;
- Atributos: movimento e mudança, necessidade de deslocamento, transformação materiais, avanços tecnológicos e intelectivos luta contra as injustiças.
Ponto cantado:
Olha que o céu clareou
Quando o dia raiou
Fez o filho pensar
A Mãe do tempo mandou
A nova era chegou
Agora vamos plantar
Do Humaitá Ogum brandou
Senhor Oxóssi atinou
Iansã vai chegar
O Ogã já afirmou
Atabaque afinou
Agora vamos cantar
A eparrei ela é Oyá, ela é Oyá
A eparrei é Iansã, é Iansã
A eparrei
Quando Iansã vai pra batalha
Todos os cavaleiros param
Só pra ver ela passar
A eparrei ela é Oyá, ela é Oyá
A eparrei é Iansã, é Iansã
A eparrei
Quando Iansã vai pra batalha
Todos os cavaleiros param
Oração a Yansã:
“Minha Iansã, orixá, mãe e senhora dos ventos e tempestades, das horas aflitas e das almas perdidas. Por favor, abra meus caminhos, com seus poderes para o trabalho, amor e família. Poderosa divindade das divindades, em prol dos desígnios dos filhos caídos sem norte e vontade. Piedade para nós, criaturas que vivemos, á beira das tentações, dos abismos, alheios ao pai Olorum. Mãe, empresta-nos tua decisão e tua coragem, para o encontro do nosso próprio ser. Dai-nos um roteiro de esperança e triunfo. Erradicai a pobreza dos nossos sentimentos, orienta-nos para a verdade, dentro do caminho de devoção ao supremo doador. Encoraja-nos senhora dos raios, para que nossa própria mente, siga uma só direção: amar o Olorum.”
Por Gilda Portella – sacerdotisa de umbanda, multiartista e mestranda PPGECCO/UFMT.
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[1] Campos, D. G. e Altimari, G. Rituais da Umbanda: velas e símbolos. Cuiabá, Umanos Editora, 2021.