Gilda Portella
Maria José da Silva Matos nasceu em 11 de abril de 1939, em Cuiabá/MT, no bairro Terceiro Velho. Ela é filha de João Cassiano da Silva e Laurinda Rufino da Silva.
Aos 14 anos, iniciou o exercício da mediunidade no Terreiro São Sebastião de Dona Moêmia, no bairro onde nasceu.
Aos 18 anos, já trabalhava com os próprios guias: Pretos(as)-Velhos(as), Caboclos(as), Exu e Pomba Gira. Assimilou os princípios da Umbanda diretamente deles, pois não existiam livros. Seus mestres foram o Caboclo Serra Negra, Guará e a Maria do Balaio.
Aos 22 anos, casou-se com Adildo de Matos, com quem teve seis filhos, sendo cinco homens e uma mulher. Em 1978, o marido dela faleceu. Abriu-se um novo ciclo em sua vida: naquele ano começou a construir o Centro Espírita Pai Jeremias, na rua Veiga Cabral, no bairro Dom Aquino, onde trabalha até hoje, ao lado de uma centena de filhos e filhas de santo.
A Tenda Umbandista e Centro Espírita Pai Jeremias – Seara de Vó Baiana é chamada carinhosamente por todos somente por Centro Espírita Pai Jeremias (CEPJ). Ela foi fundada em 08 de dezembro de 1978 pelos pretos-velhos Pai Jeremias e Vó Baiana.
Pai Jeremias é o mentor e orientador de todos os trabalhos da casa. Mas quem recebeu a designação para construir fisicamente o local e quem administra o dia-a-dia é a preta-velha Vó Baiana, que tudo resolve e tudo controla com muita doçura. Ela formou a diretoria e a estrutura funcional da casa juntamente com Vó Cristina, Cabocla Aracati, boiadeiros, crianças, marinheiros, cangaceiros, baianos, exus, pomba gira. No terreiro trabalha-se o desenvolvimento dos médiuns umbandistas. Alguns já se graduaram pais e mães de santo, gerando novas casas, na expansão da fé e da doutrina umbandista.
Todos os trabalhos do terreiro - Centro Espírita Pai Jeremias - são gratuitos. Mãe Maria destaca que: “para a construção do Centro, contou com a ajuda dos médiuns, da diretoria, e de todos os frequentadores (consulentes) e simpatizantes da causa".
O centro Pai Jeremias atende de segunda a sábado, das 10h às 18h. Cada dia da semana alguns médiuns e uma equipe trabalha com seus respectivos pretos-velhos, exus, caboclos, crianças. Lá se vão 67 anos de atendimentos sem espaço físico; e 46 anos de trabalhos a partir da construção do CEPJ.
As festas são organizadas pelos guias, diretoria, médiuns e consulentes do CEPJ. A casa é aberta aos simpatizantes, com orações, ao som dos atabaques e músicas da Umbanda. Os atendimentos são baseados na prática do amor, da caridade e muita fé. As festas acontecem anualmente em:
20 de janeiro: São Sebastião, que representa Oxóssi das Matas. 02 de fevereiro: Iemanjá, que é a Nossa Senhora dos Navegantes. 13 de fevereiro: homenagens aos Exus. 23 de abril: São Jorge, que representa Ogum. 13 de maio: Pretos-Velhos. 24 de junho: São João Batista, que representa Xangô do Oriente. 26 de julho: comemora-se Nanã Buruque. 15 de agosto: homenagem às Pomba Giras. 16 de agosto: Obaluaiê e São Roque. 24 de agosto: homenagem à Oxumaré. 27 de setembro: Cosme e Damião. 30 de setembro: Xangô. 24 de outubro: Aniversário de Pai Jeremias (comemora a data que o preto-velho veio pela primeira vez no terreiro, não é referente a data de nascimento).04 de dezembro: Santa Bárbara. 08 de dezembro: Oxum e Nossa Senhora da Conceição. 13 dezembro: homenagem aos Marinheiros. 17 de dezembro: Omolu. 25 dezembro homenagem a Oxalá.
Por Gilda Portella, sacerdotisa de Umbanda, multiartista, mestranda PPGECCO/UFMT, membra do Coletivo Herdeiras do Quariterê e do Comitê de Cultura de Mato Grosso.